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ESCRITORES: FREI LUIZ DE SOUZA

FREI LUIZ DE SOUZA: Também tentei umas leituras de clássicos, Vieira nas cartas, Lucena, Fr. Luiz de Souza... Não vai. Não me dão prazer nenhum. Jurei ler todo um volume de Fr. Luiz e fiquei perjuro. O mesmo que subir um Himalaia. Por maior que seja a decisão, a gente arreia a meio morro. O sono não deixa. Dormi dez páginas do maravilhoso Fr. Luiz de Souza. E que sono, Rangel! Dos incoercíveis. Duns que eu tinha em menino, quando me levavam ao teatro, de camarote. Lembro-me duma Traviata. Eu fazia esforços inauditos para ver o que acontecia àquela mulher, e consegui manter os olhos abertos até lá pelas onze horas. Aí não agüentei mais. Lembro-me que fiz um esforço prodigioso para ficar acordado — mas o sono me derrubou. Fiquei toda a vida com essa impressão na memória — a incoercibilidade do sono — e agora, nesta idade, vejo a coisa repetir-se, nesta fazenda, por obra e graça do "mavioso", do "maravilhoso" Fr. Luiz, o clássico que recebe os melhores adjetivos. Tanto adjetivo me faz desconfiar. Quando a gente dorme no meio duma coisa, o remorso nos faz dizer maravilhas dessa coisa. Impossível que os outros leitores desse frade também não hajam sentido o "sono da Traviata" que eu senti. (2:64-65)