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OBRA-FORTE

Canaã é o que chama uma obra-forte, e obra-forte quer dizer obra-fraca. Não é paradoxo. As obras-fracas no presente são as incompreendidas, ou de compreensão só possível no futuro. E as fortes são as que de tal modo satisfazem às exigências do presente que provocam estouros de entusiasmo – obras despóticas. Mas passam com a passagem dessas exigências. Acho a tese de Canaã muito atual: imigração, colonização, absorção, etc. quando tudo mudar, daqui a cem anos, quem vai interessar-se pelas idéias de Milkau e Lentz? Quem hoje lê os romances sobre a escravidão? Os argumentos da Cabana do Pai Tomás nos fazem sorrir - e eram tão fortes no tempo que deflagraram uma guerra. Os romances de Mme. de Stäel nos dão idéia de anquinhas, saia balão. Canaã será um grande livro enquanto perdurarem os nossos problemas imigratórios; depois irá morrendo – e os futuros leitores pularão os pedaços de Lentz e Milkau. Já o Braz Cubas é eterno pois enquanto o mundo for mundo haverá Virgílias e Brazes; mas Milkau é um metafísico de hoje, tem ideais de hoje e filosofia hojemente; amanhã só será lido pelos futuros Melos Morais. (1:45-46)