FIALHO DE ALMEIDA: 1. Talvez seja influência de Camilo e Fialho, esses dois impenitentes. Sobretudo Fialho, que chega a tornar-se antipático de tanta ferocidade. Uma hiena com cirrose no fígado e enjaulada não estilaria tanto fel como a pena desse tranca. Que estilo! Bárbaro como um huno, belo como a saúde. Estilo que não da satisfações a ninguém — que não manda dizer. (2:25)
2. Fialho é um estilo, Rangel! São dois os grandes estilos — Camilo e Fialho. Eça, que eu tanto admirava, parece-me, ao pé destes dois colossos, um alegre cozinheiro de operetas parisienses. Um arregalador. Sabe o que é? Calão de "mambembe". O trabalho deles aparece nos anúncios de espetáculo.
Hoje Hoje
O REI BABAU
Arreglo de "Le Roi Bobeche" de Coignard
por
Eça de Queiroz
A palavra me arrepiou quando a topei pela primeira vez; hoje compreendo o valor expressivo do neologismo. Com grande talento, Eça arreglou Paris para uso de Lisboa.
Mas em Fialho há gênio, há estilo. Possui ele uma visão artilhada de telescópios e microscópios. Vai logo aos recessos mais íntimos, às privadas, aos subterrâneos da alma humana e revela as pudicas e escondidíssimas escorrências. E quando descreve cenários, usa lucilações de relâmpagos. Quis a janela aberta: estava um dia supremo, vivo de sol, com tintas loiras de inverno sobre os montes." (2:154-154)
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Ver: ESTILO 10 (2:22)