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TÍTULO

1. Não conheço o teu Filha. Filha do que? Eu se fosse você, transformava-o em romance histórico. A Filha do Conde de Bobadela, por exemplo. O público prefere ler coisas de condes, duques, príncipes, reis e magnatas, em vez de aventuras e vidinhas miseráveis como a do M. J. Gonzaga de Sá. Aquele livro do Lima Barreto encalhou por causa disso. Que importa a alguém a vida dum M. J. Gonzaga de Sá que ninguém sabe quem é, nem quer saber? O público reclama coisas e tipos diferentes dos que vê em redor de si – e é natural. Que me interessa um romance sobre a vida da minha cozinheira, se a tenho de aturar em pessoa todos os dias? Podemos fazer uma coisa, Rangel: refazer nossos livros! Nobilitar nossos personagens! Você transforma o Zé Coreto em Barão do Onyx e eu faço do Jeca Tatu um conde do papa.
Você nunca soube batizar o que escreve, Filha!... Quem no mundo comprará um livro com esse nome? Filha tem-se, não se compra. Na velha companhia mudei muito título. Punha de preferência um nome feminino, porque, em cheirando a mulher lá dentro, os leitores concupiscentes compram “para ver”. Editar é fazer psicologia social.
2. O teu livro sai pouco, sabe por quê? O título! O título não é psicologicamente comercial. Um bom título é metade do negócio. Ao ler o título do teu romance toda a gente supõe que é a biografia de... um ilustre desconhecido. (13:42)