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LITERATURA INFANTIL-JUVENIL

1. Guardo as tuas notas sobre Malazarte. Um dia talvez aborde esse tema. Ando com várias idéias. Uma: vestir à nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisa para crianças. Veio-me diante da atenção curiosa com que meus pequenos ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-nas de memória e vão reconta-las aos amigos – sem, entretanto, prestarem nenhuma atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa. As fábulas em português que conheço, em geral traduções de La Fontaine, são pequenas moitas de amora do mato – espinhentas e impenetráveis. Que é que nossas crianças podem ler? Não vejo nada. Fábulas assim seriam um começo da literatura que nos falta. Como tenho um certo jeito para impingir gato por lebre, isto é, habilidade por talento, ando com idéia de iniciar a coisa. É de tal pobreza e tão besta a nossa literatura infantil, que nada acho para a iniciação de meus filhos. Mais tarde só poderei dar-lhes o Coração de Amicis – um livro tendente a formar italianinhos... (2:104)
2. Tive idéia do livrinho que vai para experiência do público infantil escolar, que em matéria fabulística anda a nenhuma. Há umas fábulas de João Kopke, mas em verso – e diz o Correia que os versos do Kopke são versos do Kopke, isto é, insulsos e de não fácil compreensão por cérebro ainda tenros. Fiz então o que vai. Tomei de La Fontaine o enredo e vesti-o à minha moda, ao sabor do meu capricho, crente como sou de que o capricho é o melhor dos figurinos. A mim me parecem boas e bem ajustadas ao fim – mas a coruja sempre acha lindos os filhotes. Quero de ti duas coisas: juízo sobre a sua adaptabilidade à mente infantil e anotação dos defeitos de forma. Mas pelo amor de Deus não os elogie. Ando elogiado demais – como quem se regalou demais com o mel e está com a boca a arder, e a querer tudo no mundo, menos mel... Desanca-me um pouco, Rangel. Sinto necessidade de humilhação... (2:193)
3. Mando-te o Narizinho escolar. Quero tua impressão de professor acostumado a lidar com crianças. Experimente nalgumas, a ver se se interessam. Só procuro isso: que interesse às crianças. (2:228)
4. Não ficarei muito tempo nesta terra. O calor!... Já te disse que não tenho o trópico no sangue. Detesto os verdes eternos, o calor quase eterno, a tal primavera eterna que não passa da mais eterna e desesperante monotonia. Verde, verde, o ano inteiro! Tudo verde, como o Menino Verde, um álbum colorido com que me diverti em criança, companheiro do João Felpudo: Lembra-te disso? Pobres das crianças daquele tempo! Nada tinham para ler.
Ando com idéias de entrar por esse caminho: livros para crianças. De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça. Mas para as crianças, um livro é todo um mundo. Lembro-me de como vivi dentro do Robinson Crusoe do Laemmert. Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Não ler e jogar fora; sim morar, como morei no Robinson e n’Os Filhos do Capitão Grant. (2:292-293)
5. Também vou fazer mais livros infantis. As crianças sei que não mudam. São em todos os tempos e em todas as pátrias as mesmas. As mesmas aí, aqui e talvez na China. Que é uma criança? Imaginação e fisiologia; nada mais. (2:322)
6. Vim do Otales. Anunciou-me que com as tiragens deste ano passo o milhão só de livros infantis. Esse número demonstra que meu caminho é esse – e é o caminho da salvação. Estou condenado a ser o Andersen desta terra – talvez da América Latina, pois contratei 26 livros infantis com um editor de Buenos Aires. E isso não deixa de me assustar, porque tenho bem viva a recordação das minhas primeiras leituras. Não me lembro do que li ontem, mas tenho bem vivo o Robinson inteirinho – o meu Robinson dos onze anos. A receptividade do cérebro infantil ainda limpo de impressões é algo tremendo – e foi ao que o infame fascismo da nossa era recorreu para a sórdida escravização da humanidade e supressão de todas as liberdades. A destruição em curso vai ser a maior da história, porque os soldados de Hitler leram em criança os venenos cientificamente dosados do hitlerismo – leram como eu li o Robinson. Para que bem avalies o que é a criança, mando cópia duma carta recebida ontem, muito típica das centenas que recebo dizendo sempre a mesma coisa, embora com menos expressão e intensidade.
Ah, Rangel, que mundos diferentes, o do adulto e o da criança! Por não compreender isso e considerar a criança “um adulto em ponto pequeno”, é que tantos escritores fracassam na literatura infantil e um Andersen fica eterno. Estou nesse setor há já vinte anos, e o intenso grau da minha “reeditabilidade” mostra que o meu verdadeiro setor é esse. (2:345-346)
7. Para bem escrever para as crianças é preciso tê-las como os juízes supremos. Ora, você tem em casa uma juizazinha. Vá fazendo e lendo-lhe. O que ela não gostar, não presta. O que ela gostar, está ótimo e todas as mais crianças gostarão. (4:16)
8. A criança é a humanidade de amanhã. No dia em que isto se transformar num axioma – não dos repetidos decoradamente, mas dos sentidos no fundo da alma – a arte de educar as crianças passará a ser a mais intensa preocupação do homem.
Estamos, ainda, infelizmente, num período em que a criança, em vez de ser considerada como o dia de amanhã, não passa de nuisance. Animalzinho incômodo, para os pais e professores. Daí toda a monstruosa negligência a seu respeito.
Livros, revistas e jornais infantis constituem instrumentos da arte de educar esses bichinhos – crisálidas donde vão sair os homens de amanhã. A que princípios devem obedecer?
Esta proposição é mais séria e a de mais difícil resposta de quantas ainda se hajam formulado. A pedagogia moureja em seu estudo sem que chegue a acordo. Duas correntes, entretanto, se denunciam bem distintas.
Uma, a dos que consideram a criança como um homem em miniatura e pede que se dê a ela o mesmo alimento mental e moral que se dá ao homem, com redução apenas de dose. Critério dos farmacêuticos: para adultos, uma colher de sopa; para crianças, uma colher de chá. Em regra todos os professores de fraco descortino psicológico batem-se pela vitória deste critério.
Em conseqüência surgiu toda uma flora de livros mais ou menos morais e instrutivos, escritos por professores e impostos por outros professores com influência na administração. Tudo ótimo, tudo perfeito, absolutamente em concordância lógica com o conceito de que a criança é um adulto reduzido em idade e estatura, e com a mesma psicologia. O defeito único desses livros está em que as crianças os refugam sistematicamente o alimento que a sua natureza repele.
Forçadas a se “recrearem” com tais livros, as crianças suportam-nos nas aulas ou fora delas como obrigação. Nunca os procuram espontaneamente. Elas também suportam o óleo de rícino, a erva-de-santa-maria, um cálice desse óleo ou uma xícara de beberagem lombricida quando os encontram pelo caminho.
A outra corrente admite a criança como um ser especialíssimo, do qual o homem vai sair, mas que ainda tem muito pouco de homem. Em conseqüência, o seu alimento mental há de ser, nunca uma redução de dose, mas algo especial. E da qualidade desse alimento, elas têm que ser os julgadores. Se refugam, não presta; se mostram avidez, é ótimo.
A criança é um ser onde a imaginação predomina em absoluto. O meio de interessa-la é falar-lhe à imaginação. Vive num mundinho irreal e dele só sai, para, aos poucos, ir penetrando no das duras e cruas realidades, quando com o natural desenvolvimento do cérebro, a intensidade da imaginativa vai-se apagando.
A história mais conhecida no mundo inteiro é talvez a da menina da capinha vermelha. Começa a interessar a criança ao simples enunciado do título – aquela capinha vermelha. Até a cor da capinha está exata, pois que é o vermelho a cor que mais fala a neurônios infantis.
Quem a compôs? Quem compôs essa história sublimemente infantil que constitui o primeiro contato das crianças com o mundo como o podem elas compreender e como o querem? A floresta, a senda que levava à casa da vovó, as flores do caminho, a cesta de gulodices, o recado e as recomendações da mamãe; depois a aparição do lobo, a chegada à casa da vovó, o lobo com a touca velha na cabeça a fingir-se vovó e afinal o desenlace – o nhoque! Do lobo engolindo a menina. Nesse ponto, como nem todas as crianças podem suportar a cena ou não querem que a história acabe assim, surgem as variantes, a do lenhador que acode com o machado e mata o lobo, tirando-lhe de dentro da barriga a menina vivinha e outras.
Quem quiser formar idéia do que tem de ser a literatura infantil basta que estude a fundo essa história, como a que mais vem satisfazendo a todas as crianças do mundo de uma certa idade desde os tempos medievais. Convencer-se-á então que foi composta pelas próprias crianças por intermédio de suas mães ou vovós.
Faça-se a experiência. Conte-se uma história qualquer a uma criança. Ela a vai recebendo com reações muito dignas de estudo. Vai corrigindo-a no sentido de pô-la de acordo com as exigências da sua imaginação. E se o contador possui a necessária inteligência para atender a essas reações, a história modifica-se até cair em ponto de bala.
Imagino que ao ser contada pela primeira vez a história da menina da capinha vermelha, a primeira criança que a ouviu determinou, de início, dois pontos: a capinha e a cor da capinha. “Era uma vez uma menina que usava um vestido azul”, teria começado uma vovó lá no fundo da Germânia. A loura Gretchen, de quatro anos, que friorentamente a ouvia – vendo através da vidraça a neve cair, interrompeu-a aí para a primeira colaboração. “Vestidinho, não, vovó – capinha”. Muito mais interessante com aquele frio uma capinha de lã, lã quente. “Azul também não vovó – vermelha”. O azul é frio, o vermelho é quente.e a história da menina do vestidinho azul passou a ser, desde esse momento, a história da menina da capinha vermelha. De modo que o segredo do interesse eterno dessa história para crianças está em que foi uma história construída pelas próprias crianças através de suas vovós, e pois exatamente como as crianças a queriam. E se vieram variantes é que os temperamentos variam e há que atende-los.
Uma vovó eivada de pruridos pedagógicos mal orientados, toda ela preocupações educativas e cívicas não teria cedido às reações da netinha. Teria imposto a sua história. Havia de ser vestido, havia de ser azul, a menina não conversava com o lobo porque os lobos não falam, etc. e tal. Resultado: a netinha dormia antes de chegar ao fim e nunca mais pediria à avó que lhe repetisse a história – nem que lhe contasse nenhuma outra. Desinteressar-se-ia em absoluto de coisas em choque com a sua imaginação. E em vez de ouvir histórias ou lê-las – visto não poder tê-las na medida das suas exigências psicológicas, passaria a imagina-las.
As crianças do mundo inteiro quando não possuem livros com as histórias que querem ou não acham em casa quem as conte como é mister, dispensam livros e contadores. Passam a imaginar por si mesmas as historinhas indispensáveis àquele mundo da sua psique.
Lembro-me de um caso. Um menino muito vivo, de riquíssima imaginação, mas com o mais absoluto horror aos livros. O pai queixou-se. Jojoca não lia; sabia ler mas não lia; não queria ler. Fui examinar os livros de sua estantinha. Oh, livros todos de corrente número um, a que não admite a imaginação. Instrutivos, educativos, civicíssimos, aconselhados por um professor de óculos e verruga no nariz com um pêlo caracolante.
Fiz uma experiência. Meti entre aqueles livros detestados os contos de Grimm sem recomendação ou sugestão nenhuma. Horas depois o pai pilhou o menino deitado no chão de barriga, devorando Grimm. Ah, “este sim!” Foi o seu comentário. “Este diz o que eu quero.”
O defeito dos livros impróprios e, portanto, refugados pelas crianças está em que retarda o advento do gosto pela leitura. Há homens que passaram a vida sem ler um livros, fora os escolares, justamente por não terem tido em criança o ensejo de ler um só livro que lhes falasse à imaginação. Já os que têm a felicidade de na idade própria entrarem em contato com livros que “interessam”, esses se tornam grandes ledores e por meio da leitura prolongam até o fim da vida o progresso auto-educativo. Quem começa pela menina da capinha vermelha pode acabar nos Diálogos de Platão, mas quem sofre na infância a ravage dos livros instrutivos e cívicos, não chega até lá nunca. Não adquire o amor da leitura.
Há em Nova Iorque uma instituição muito curiosa. Em certo dia da semana, à tarde, na Public library da 5ª Avenida, reúnem-se centenas de crianças para ouvir histórias. Existem contadeiras especializadas, que contam como as crianças querem que contem. A instituição tem dois objetivos – recrear as crianças e estudar-lhes as reações, de modo que tudo quanto ocorre é anotado, classificado e estudado de acordo com um critério inteligentíssimo. As resultantes dessa obra se acham compendiadas num opúsculo que é vendido na Secretaria da Biblioteca. Nele vem o resultado de trinta anos de observação e a classificação por gênero das histórias que mais interessam às crianças.
Esse trabalho tem sido precioso na orientação dos novos livros infantis, dos quais a América é riquíssima. Surgiu uma literatura sob medida que não impõe à criança, mas deixa-se impor pela criança e desse modo satisfaz de maneira completa às exigências especialíssimas da mentalidade infantil.
Lá tomam-se as medidas das crianças. Aqui ainda predomina o sistema contrário – impor às crianças as medidas da gente grande. Os resultados que a educação vai conseguindo nos dois países diz bem alto com quem está o acerto.
Minha teoria quanto a livros, revistas e jornais infantis decorre das observações acima. Não possuo a mínima autoridade pedagógica de qualquer gênero, e tudo quanto sei de educação se resume num arruinar a exceção em favor da regra. Apesar disso escrevi uns livros que as crianças gostam de ler. E por que gostam as crianças de ler esses livros? Talvez pelo fato de serem escritos por elas mesmas através de mim. Como as coitadinhas não sabem escrever, admito que me pedem que o faça. Mas não que o faça como quero e sim como querem elas. Há de ser assim, assim, assim – e humildemente anulo-me para dar à minha clientelazinha um produto que não lhe desagrade. Suponho que foi isso que a Comissão Executiva desta Conferência de Proteção à Infância houve por bem encarregar-me duma das teses.
Resumo o meu parecer em duas palavras, repetindo entretanto que não me reconheço autoridade nenhuma para dar parecer sobre o que quer que seja e muito menos sobre matéria pedagógica.
Os princípios a que devem obedecer os livros, revistas e jornais para crianças resumem-se em serem livros, revistas e jornais para crianças – a especialíssima crisálida donde o homem vai sair, e nunca para homens de pouca idade.
Um menino dá como produto final um homem, e uma menina dá como produto final uma mulher. Mas um menino ou uma menina não é um homem ou uma mulher de idade reduzida. São ambos algo muito diferentes, como a crisálida é diferente da borboleta.
Quanto à melhoria da literatura infantil em nosso País julgo coisa impossível. Não há boa literatura infantil sem bons livros. Uma das condições do bom livro é ser barato. Se é caro não se dissemina e portanto, por bom que seja fica mal, pois perde a força de disseminação e torna-se inexistente. Ora as taxas monstruosas que o nosso fisco impôs sobre o papel impede que possamos ter livros baratos. Todo livro impresso, por causa das taxas, sai caro. A sua vendagem restringe-se. Desaparece a possibilidade de lucro para o editor e o autor – e sem o estímulo do lucro nada se faz neste mundo.
As taxas sobre o papel, a fim de proteger uns tantos industriais espertos, foram elevadas em 1918 de 300%. Um quilo de papel importado paga hoje direitos de entrada duas vezes mais que o preço de custo. É um imposto que recai diretamente sobre a cultura, impossibilitando-a .
As nossas crianças jamais poderão ter livros na abundância, qualidade e quantidade dos países civilizados, porque o nosso governo o proíbe com as suas taxas de alfândega. Assim sendo é tolice, ou quando menos ingenuidade, gastar fósforo em estudar a matéria.
Se algum dia o pesadíssimo imposto sobre a cultura, lançado em 1918, for abolido, então sim, poderemos voltar ao assunto. Agora, é perder tempo. (9:249-256)
9. O livro como o temos tortura as pobres crianças – e no entanto poderia diverti-las, como a gramática da Emília o está fazendo. Todos os livros poderiam tornar-se uma pândega, uma farra infantil. A química, a física, a biologia, a geografia prestam-se imensamente porque lidam com coisas concretas. O mais difícil era a gramática e a aritmética. Fiz a primeira e vou tentar a segunda. O resto fica canja.
O Anísio Teixeira acha que é toda uma nova metodologia que se abre. Amém. (2:96)
10. Recebi sua carta de 27 de dezembro, com vários números da Caretinha, “primeira tentativa de revista infantil em minas”. Muito bem. É tentando que o homem chega a todas as realizações. Se sua tentativa falhar, tente de novo, por outro caminho. Lembre-se do que diz o Henry Ford: “Um fracasso significa apenas uma oportunidade para começar de novo com mais inteligência”.
Não posso atender ao seu pedido de colaboração porque ando sempre ocupadíssimo com o raio do petróleo, além de que uma revista infantil em Minas deve sentir-se abarrotada de colaboradores locais, dado o pendor dos mineiros pelas letras. Mas qualquer reprodução que a Caretinha queira fazer de coisas minhas já publicadas será uma honra para mim.
O lançamento da Caretinha enche-me de prazer porque vejo que em Minas já se começa a dar às crianças o carinho mental devido. Uma coisa que sempre me horrorizou foi ver o descaso do brasileiro pela criança, isto é, por si mesmo, visto como a criança não passa da nossa projeção para o futuro. E assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos. (12:97)
11. – Leia da sua moda, vovó! – pediu Narizinho.
A moda de Dona Benta ler era boa. Lia “diferente” dos livros. Como quase todos os livros para crianças que há no Brasil são muito sem graça, cheios de termos do tempo da onça ou só usados em Portugal, a boa velha lia traduzindo aquele português de defunto em língua do Brasil de hoje. Onde estava por exemplo, “lume”, lia “fogo”; onde estava “lareira”, lia “varanda”. E sempre que dava com um “botou-o” ou “comeu-o”, lia “botou ele”, “comeu ele” – e ficava o dobro mais interessante. Como naquele dia os personagens eram da Itália, Dona Benta começou a arremedar a voz de um italiano galinheiro que às vezes aparecia pelo sítio em procura de frangos; e para o Pinóquio inventou uma vozinha de taquara rachada que era direitinho como o boneco devia falar. (19:194)
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Ver: EDUCAÇÃO (7:8-9)